quarta-feira, 18 de março de 2009

Falando de Esquizofrenia

Esquizofrenia: transtorno ou doença mental que atinge cerca de 1% da população. No Brasil no começo do século 21, essa porcentagem de 1% representava 1,8 milhões de indivíduos acometidos pela doença, o que significa mais que a população de muitas cidades grandes.Além dos pacientes, há o envolvimento dos familiares, dos amigos, de empregadores, de médicos e outros profissionais da saúde. Dessa forma, essa porcentagem de 1% alcança uma dimensão muito maior quando se considera a quantidade de pessoas envolvidas em virtude da doença do paciente.
O primeiro desafio ao enfrentar a doença é livrar-se dos preconceitos. Durante muito tempo a esquizofrenia e outras doenças mentais foram tratadas como "Loucura", com os doentes sendo internados às vezes pela vida toda e sem dispor de tratamentos adquados. Hoje é diferente e a função dos hospitais psiquiátricos é diagnosticar e tratar os portadores de transtornos mentais, dispondo do que há de mais moderno em tratamentos medicamentosos, com internações breves necessárias apenas para controlar os casos agudos.
Os portadores de de esquizofenia hoje, quando são, quando são adquadamente diagnostticados e tratados, convivem normalmente com a comunidade, perfeitamente integrados na sociedade, como qualquer outra pessoa sem a doença.
O tratamento da esquizofenia visa controlar e reduzir os sintomas e prevenir novos surtos, da mesma maneira como se controla o diabetes, por exemplo, possibilitando que a pessoa viva uma vida normal. A medicina ainda não sabe como prevenir o surgimento da doença, mas com os tratamentos atuais é possível chegar a um controle bastante satisfatório.
Os sintomas:
A Esquizofrenia é definida a partir de sintomas principais que incluem a presença de delírios de perseguição ,alucinações, alterações afetivas etc. Os sintomasd também costumam atingir a capacidade de julgamento, a linguagem e a comunicação, a capacidade de atenção entre outros. Os sintomas mais comuns da esquizofrenia são os seguintes:
Delírios: são os pensamentos ou idéias que não correspondem à realidade. O doente passa a acreditar que estão acontecendo coisas irreais à sua volta, havendo uma perda da distinção entre imaginação e realidade.
Alucinações: são as percepções irreais dos orgãos dos sentidos; as alucinações auditivas são as mais comuns. O doente relata, por exemplo ouvir vozes quando está sozinho. Embora sejam mais raras, também podem acontecer alucinações visuais, olfativas ou do tato.O doente tem visões, sente cheiros e tem sensação de formigamento pelo corpo.
Alterações do pensamento: o doente tem a impressão de que seus pensamentos não lhe pertencem, como se fossem colocados em sua cabeça por outras pessoas. Também pode ter a sensação de que seus pensamentos foram bloqueados, controlados ou "roubados" por alguém. Pode ocorrer ainda a desorganização das idéias, conversas sem sentido e perda do raciocínio lógico.
Alterações da afetividade: o doente perde a capacidade de expressar suas emoções, ficando indiferente a todos. É como se a afetividade perdesse o colorido de sua expressão.Às vezes a reação afetiva não é adequada ao contexto, como por exemplo quando o paciente ri em uma situação de tristeza ou comportá-se como uma criança mesmo sendo adulto.
Diminuição da motivação:o doente perde a vontade, não tem mais ânimo continuar fazendo as tarefas do dia-a- dia. Não tem interesse por nada e há isolamento e retraimento social.
Sintomas motores: alguns pacientes passam a ficar parados, sem movimentação espontânea, com posturas estranhas , sem falar ou andar. Em casos graves o doente pode chegar a ficar totalmenente parado, como uma estátua. Também pode ocorrer o inverso, quando o paciente fala e gesticula com rapidez, mas sem lógica. Esses sintomas caracterizam a catatonia.
Outros sintomas: Ás vezes o doente vive como se estivesse em um mundo próprio à parte de todos, o que caracteriza o autismo. Outros se mostram desconfiados de tudo e de todos, ou tem dificuldades para manter a atenção e se concentrar. Podem apresentar problemas de memória e desorientação sobre tempo e local. Isso resulta uma dificuldades de manter a atenção e se concentrar. Podem apresentar problemas de memória e desorientação sobre tempo e local. Isso resulta uma dificuldade para administrar a própria vida.
O diagnóstico.
Em consequência dos sintomas é possível que o doente passe a ter comportamento excêntrico, usar roupas inadquadas, sair vagando nas ruas ou descuidar-se da higiene e dos cuidados pessoais.È comum que que sejam essas as manifestações que levam a família a procurar ajuda médica.
Os sintomas descritos anteriormente são divididos em positivos ( ou produtivos) e negativos (ou deficitários). Os sintomas positivos decorrem do funcionamento anormal das funções psíquicas e incluem os delírios, as alucinações, a desorganização do pensamento. Os sintomas negativos são consequência da diminuição da afetividade e da motivação, incluindo o retraimento social.
Diagnosticar e tratar a esquizofrenia depende de uma minuciosa conversa com o doente e seus familiares. A avaliação psiquiátrica detalhada é fundamental. A esquizofrenia em geral, aparece na adolescência ou no começo da idade adulta. Muito frequentamente a doença se instala gradualmente, ao longo de semanas ou meses; as manifestações começam de modo discreto e imperceptível, piorando com o tempo.
Muitas vezes o maior problema é convencer o próprio paciente e seus familiares da necessidade de procurar um psiquiatra da necessidade de procurar um psiquiatra, pois ainda hoje isso assusta muitas pessoas. Muitos preconceitos persistem, mas quando mais tardio for o diagnóstico, mais dificíl será o controle da doença. Não se pode desperdiçar a chance de fazer uma intervenção precoce, imaginando que os sintomas são "crise" de adolescente, "depressão" ou "esquisitice passageira". Com o diagnóstico estabelecido, o médico poderá classificar a doença em subtipos, conforme o predomínio de certos sintomas:
1- Paranóide:há delírios e alucinações.
2- Hebefrênico ou desorganizado:há alterações da afetividade e desorganização do pensamento.
3- Catatônico:Observam-se as alterações motoras.
4- Simples:não ocorrem delírios ou alucinações ou alucinações, há alteração da motivação e da afetividade.
5- Residual:caracteriza-se pelos chamados sintomas negativos; é comum que os subtipos acima evoluam com o tempo para o quadro residual.
Fonte: Esquizofrenia: Manual do Cuidador elaborado pelo Dr Mario Rodrigues Louzã Neto.
Mário Louzã Neto: Doutor em Medicina pela Universidade de Wüzburg, Alemanha. Médico Assistente e Coordenador do Projeto Esquizofrenia (PROJESQ) do Instito de Psiquiatria do HC/FMUSP. Autor do Livro:"Convivendo com a Esquizofrenia: um guia para portadores e familiares"
(Na próxima postagem continuarei a falar sobre a Esquizofrenia).

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