domingo, 22 de março de 2009

O Tratamento

Todos os medicamentos utilizados no tratamento da esquizofrenia chamados de antipsicóticos, agem nos receptores neuronais da substância produzida no cérebro chamada dopamina. É modificação da ação dessa substância produzida pelos antipsicóticos que propicia alívio de sintomas como delírios, alucinações, desorganização do pensamento e agitação. Esses medicamentos atualmente são considerados fundamentais e têm duas funções principais:
1-Aliviar os sintomas da fase mais aguda da doença;
2-Prevenir novos episódios ou surtos.
Com esses medicamentos foi possível controlar a manifestação da esquizofrenia e facilitar o convívio do paciente com a família e a sociedade, além de melhorar significativamente a qualidade de vida do doente.
A maior contribuição desses medicamentos foi mudar a forma de tratamento, que hoje é quase exclusivamente ambulatorial, ao contrário de algumas décadas atrás, em que os hospitais simplesmente internavam os pacientes. Hoje as internações ainda são necessárias eventualmente, mas são restritas aos momentos de crise mais agudas e por períodos breves.
Os medicamentos hoje são absolutamente necessários para o controle da esquizofrenia e não se imagina mais um tratamento sério e responsável que não inclua a administração de algum antipsicótico.
Os primeiros antipsicóticos desenvolvidos form chamados de primeira geração (ou típicos ou clássicos) A partir do anoa 1990 surgiram os antipsicóticos de segunda geração (chamados também de atípicos), que são mais eficazes que os de primeira geração e causam menos efeitos colaterais.
Os de segunda geração além de agirem sobre a dopamina, agem também sobre a serotonina.
É preciso ressaltar que como todo medicamento, os antipsicóticos podem causar efeitos secundários indesejáveis.
O problema é maior quando o paciente decide abandonar o tratamento por conta própria devido aos efeitos colaterais. Só o psiquiatra tem condições de avaliar corretamente se é preciso alterar a dose ou trocar o medicamento. Muitas vezes uma pequena alteração na dosagem do remédio é suficiente para a melhora do paciente ou do controle dos efeitos colaterais.
Os principais efeitos colaterais provocados pelos antipsicóticos de primeira geração são os seguintes:
1) Distonia aguda: caracteriza-se por contrações musculares involuntárias com movimento dos olhos, da língua, do pescoço(torcicolos) mais raramente do tronco ou dos menbros.
2)Efeitos extrapiramidais ou parkisonismo: o paciente apresenta rigidez muscular, tremores, redução da expressão facial, lentidão de movimentos.
3) Acatisia: O paciente fica desassossegado, com uma inquietação intensa nos menbros inferiores, com necessidade de andar sem parar, agitado e ansioso.
4)Sonolência ou Sedação: o paciente passa a dormir mais do que costumeiro, sentindo muito sono durante o dia.
5) Efeitos anticolinérgicos: o paciente refere sensações como visão borrada,boca seca, retenção urinária e hipotensão arterial.
6)Dificuldades sexuais: alguns pacientes relatam episódio de impotência ou retardo da ejaculação; nas mulheres pode haver dificuldade para atingir o orgasmo.
7) Alteraçãoes endócrinas: na mulher podem ocorrer alterações do ciclo menstrual, além da produção de leite; no homem as dificuldades sxuais mencionadas.
8) Discenia tardia: uma pequena porcentagem de pacientes apresentam movimentos involuntários na região da boca ou dos lábios.
Entretanto é preciso ressaltar que os efeitos colaterais ocorrem principalmente no começo do tratamento e geralmente são toleráveis diminuindo espontaneamente ao longo do tempo.
O principal efeito colateral dos antipsicóticos de segunda geração é o ganho de peso; dai a importância do acompanhamento frequente do portador da doença. Em alguns pacientes podem ocorrer também alterações do colesterol, dos triglicérides e da glicemia. Em geral os antipsicóticos de segunda geração provocam pouco ou nenhum efeito extrapiramidal e alteração da prolactina.
Da mesma forma que os efeitos colaterais, é importante conhecer os benefícios proporcionados por esses medicamentos. Os principais são os seguintes:
1)Redução ou eliminação de vozes e visões perturbad9ras( alucinações).
2) Redução ou eliminação de crenças estranhas e falsas (delírios)
3)Diminuição da tensão e da agitação
4) Melhora da clareza do pensamento e da concentração
5) Redução dos medos, da confusão e da insônia.
6) Melhora da coerência da fala.
7)Melhora da tranquilidade, da alegria, do bem-estar.
8) Melhora no comportamento mais adquado.
9) Redução ou eliminação de pensamentos hostis, estranhos ou agressivos.
10) Diminuição do risco de recaídas e da necessidade de internações hospitalares.
O avança da medicina tem proporcionado odesenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes e com menor frequência e intensidade de efeitos colaterais.Os antipsicóticos de segunda geração são indicados para o tratamento de qualquer paciente portador de esquizofrenia e causam efeitos colaterais mais leves. Vários deles estão disponíveis no Brasil e podem ser adquiridos pelo SUS. Os efeitos colaterais variam conforme o medicamento e cabe ao médico indicar o remédio mais adquado para o paciente.
Os estudos mostram que a manutenção contínua dos medicamentos antipsicóticos é fundamental para o controle dos sintomas e para evitar recaídas. O fundamental no entanto é que a família e se possível também o paciente saibam que há vários tipos de tratamentos disponíveis atualmente, que não se restringem à internação hospitalar. Além dos medicamentos modernos, há recursos como hospital-dia, terapia ocupacional, acompanhamento terapêutico, entre outros. Alguns dos medicamentos estão disponíveis no formato de injeções de longa ação, o que permite que o paciente tome o medicamento a cada dia ou semanas, pois a substancia acumula-se no organismo e é liberada aos poucos.
Essa forma de administração ajuda a evitar recaídas, uma vez que reduz as falhas por esquecimento ou por outros motivos. Também é preciso lembrar dos pacientes que se recusam a manter a medicação por não apresentarem mais os sintomas e se considerarem curados. Há ainda os que não conseguem perceber que suas manifestações são devidas a uma doença. Nesse caso, novamente o papel da família é fundamental. A manutenção da medicação antipsicótica é essencial para ajudar a evitar recaídas.
( Fonte: Esquizofrenia- Manual do Cuidador- Dr Mario Louzã Neto)
( Próxima Postagem: O acompanhamento)

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